"Meu querido amigo e irmão em Jesus cristo,
O orgulho é o maior de todos os males que nos assediam e, de todos os nossos inimigos, é o mais demorado e difícil de morrer.
Deus odeia, acima de tudo, o orgulho, porque este dá ao homem o lugar que pertence a Ele, que está acima, exaltado sobre todas as coisas.
O orgulho interrompe a comunhão com Deus e atrai seu castigo, pois 'Deus resiste aos soberbos'(1Pedro 5:5).
Não se pode causar maior prejuízo a outra pessoa do que louvá-la e alimentar seu orgulho. 'O homem que lisonjeia seu próximo, arma-lhe uma rede aos passos' (Provérbios 29:5).
Esteja certo, ainda mais, que nós somos muito míopes para sermos capazes de julgar o grau de piedade do nosso irmão; não somos capazes de julgá-lo corretamente sem a balança do santuário, que está na mão daquele que sonda o coração. Portanto não julgue antes do tempo, até que o Senhor venha, torne manifestos os conselhos do coração e renda a cada homem o seu louvor.
Não lhe darei a opinião que tenho de mim mesmo, pois, assim agindo, provavelmente estarei buscando a minha própria glória, posso parecer humilde - o que não sou. Prefiro dizer-lhe o que nosso Mestre pensa de mim - Ele, que sonda o coração e fala a verdade, que é 'o amém, a testemunha fiel' e que tem sempre falado ao meu interior, a quem agradeço por isso. Mas, creia-me, Ele nunca me disse que eu sou um 'cristão eminente e avançado nos caminhos da piedade'. Ao contrário, ele me diz muito claramente que, se eu conhecesse o meu lugar, descobriria que é o principal dos pecadores e o menor de todos os santos. Certamente, meu querido amigo, devo tomar o julgamento Dele em vez do seu.
O cristão mais eminente é aquele do qual ninguém jamais ouviu falar, um pobre obreiro ou servo para quem Cristo é tudo e que tudo faz buscando tão-somente seu olhar.
O cântico dos bem-aventurados (Apocalipse 5) não louva ninguém a mais, a não ser Aquele que os redimiu com o Seu sangue. Ali não há nenhuma palavra que os classifique de eminentes ou não-eminentes - todas as diferenças estão perdidas no título comum, os redimidos, que é a alegria e glória de todo o Corpo.
Esforcemo-nos por trazer nossos corações em uníssono com aquele cântico, no qual todos esperamos que nossas débeis vozes estejam um dia mescladas. Isso será nossa glória, mesmo aqui embaixo, e contribuirá para a glória de Deus, que é ofendida pelo louvor que os cristãos tão freqüentemente outorgam uns aos outros. Não podemos ter duas bocas - uma para o louvor de Deus e outra para o louvor dos homens.
Que nós, então, façamos como fizeram os serafins acima, que com duas asas cobrem o rosto, como prova da sua perplexidade diante da presença santa do Senhor; com duas asas cobrem os pés, como se para esconder seus passos de si próprios; e com duas restantes voam para executar a vontade do Senhor, enquanto gritam: 'Santo, santo, santo é o Senhor ods Exércitos; toda a terra está cheia da Sua glória' (Isaías 6:2-3).
Desculpe-me por essas poucas linhas de exaltação cristã que, estou certo, mais cedo ou mias tarde, tornar-se-ão úteis a você.
Se alguma vez imprimir outra edição - como espero que o faça - apague, por favor, as duas passagens às quais chamei atenção e me chame simplesmente de 'um irmão e ministro no Senhor'. Isso é honra suficiente e não necessita de nenhum acréscimo."
(Este texto foi extraído, na íntegra, da edição nº 212, sessão "Novidades", pág. 4 - Jornal Árvore da Vida.)