Concurseiro Urbano

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Uma Carta sobre o Louvor dos Homens

A seguir publicaremos parte de uma carta escrita por John Nelson Darby (1800-1882) a um irmão que traduzira um livro seu e que, no prefácio, tecera-lhe elogios, louvando sua piedade. Cremos que as palavras dessa carta serão de grande ajuda para nos guardar dos ataques sutis do inimigo de Deus, que tenta destruir nosso testemunho despertando em nós o orgulho e a soberba.

"Meu querido amigo e irmão em Jesus cristo,
O orgulho é o maior de todos os males que nos assediam e, de todos os nossos inimigos, é o mais demorado e difícil de morrer.

Deus odeia, acima de tudo, o orgulho, porque este dá ao homem o lugar que pertence a Ele, que está acima, exaltado sobre todas as coisas.

O orgulho interrompe a comunhão com Deus e atrai seu castigo, pois
'Deus resiste aos soberbos'(1Pedro 5:5).

Não se pode causar maior prejuízo a outra pessoa do que louvá-la e alimentar seu orgulho.
'O homem que lisonjeia seu próximo, arma-lhe uma rede aos passos' (Provérbios 29:5).

Esteja certo, ainda mais, que nós somos muito míopes para sermos capazes de julgar o grau de piedade do nosso irmão; não somos capazes de julgá-lo corretamente sem a balança do santuário, que está na mão daquele que sonda o coração. Portanto não julgue antes do tempo, até que o Senhor venha, torne manifestos os conselhos do coração e renda a cada homem o seu louvor.

Não lhe darei a opinião que tenho de mim mesmo, pois, assim agindo, provavelmente estarei buscando a minha própria glória, posso parecer humilde - o que não sou. Prefiro dizer-lhe o que nosso Mestre pensa de mim - Ele, que sonda o coração e fala a verdade, que é 'o amém, a testemunha fiel' e que tem sempre falado ao meu interior, a quem agradeço por isso. Mas, creia-me, Ele nunca me disse que eu sou um 'cristão eminente e avançado nos caminhos da piedade'. Ao contrário, ele me diz muito claramente que, se eu conhecesse o meu lugar, descobriria que é o principal dos pecadores e o menor de todos os santos. Certamente, meu querido amigo, devo tomar o julgamento Dele em vez do seu.

O cristão mais eminente é aquele do qual ninguém jamais ouviu falar, um pobre obreiro ou servo para quem Cristo é tudo e que tudo faz buscando tão-somente seu olhar.

O cântico dos bem-aventurados (Apocalipse 5) não louva ninguém a mais, a não ser Aquele que os redimiu com o Seu sangue. Ali não há nenhuma palavra que os classifique de eminentes ou não-eminentes - todas as diferenças estão perdidas no título comum, os redimidos, que é a alegria e glória de todo o Corpo.

Esforcemo-nos por trazer nossos corações em uníssono com aquele cântico, no qual todos esperamos que nossas débeis vozes estejam um dia mescladas. Isso será nossa glória, mesmo aqui embaixo, e contribuirá para a glória de Deus, que é ofendida pelo louvor que os cristãos tão freqüentemente outorgam uns aos outros. Não podemos ter duas bocas - uma para o louvor de Deus e outra para o louvor dos homens.

Que nós, então, façamos como fizeram os serafins acima, que com duas asas cobrem o rosto, como prova da sua perplexidade diante da presença santa do Senhor; com duas asas cobrem os pés, como se para esconder seus passos de si próprios; e com duas restantes voam para executar a vontade do Senhor, enquanto gritam:
'Santo, santo, santo é o Senhor ods Exércitos; toda a terra está cheia da Sua glória' (Isaías 6:2-3).

Desculpe-me por essas poucas linhas de exaltação cristã que, estou certo, mais cedo ou mias tarde, tornar-se-ão úteis a você.

Se alguma vez imprimir outra edição - como espero que o faça - apague, por favor, as duas passagens às quais chamei atenção e me chame simplesmente de
'um irmão e ministro no Senhor'. Isso é honra suficiente e não necessita de nenhum acréscimo."




(Este texto foi extraído, na íntegra, da edição nº 212, sessão "Novidades", pág. 4 - Jornal Árvore da Vida.)